sábado, 7 de fevereiro de 2009


RESPONDA, POR FAVOR


Neste mundo pós-Christ Illusion, é formidável ver como se afadigam os apóstolos da nova ordem em manter a aparência de que, mau grado a gravidade do acidente sofrido, será suficiente uma temporada (temporalmente indefinida) nos cuidados intensivos para que o doente recupere e fique de novo saudável e inteiro.

Num jornal de economia, as páginas falam-nos da perda de volume de negócio das indústrias, da introdução obrigatória de um dispositivo electrónico de matrícula para localização de veículos (e, consequentemente, de cidadãos), de bancos que recebem fundos destinados a estimular a economia dos governos que são depois gastos em publicidade, de empresas que eliminam empregos / reduzem postos de trabalho, de empresas que são eliminadas ou devido a falência ou devido à fusão com outra(s) empresa(s) potenciando a eliminação de empregos/ redução de postos de trabalho, enquanto outras investem, compram ou apresentam lucros.Neste discurso, as pessoas só passam a existir nos suplementos destas (e doutras) publicações quando aqueles tentam vender estilos de vida e férias exóticas ao alcance do seu público-alvo: afinal, foi para vender conceitos e objectos que muitas publicações foram criadas. Mesmo fora das publicações de âmbito económico, a aridez dos discursos (de qualquer deles) começa a tomar forma e a poder ser reconhecida pelo seu verdadeiro nome: Propósito.
Historiadores, militares, jornalistas, poetas, romancistas, empresários, economistas e teólogos tecem considerações destinadas a preservar o pântano onde quase todos estamos submergidos, nutrindo-o para proveito dos mosquitos dedicados ao corporate finance. Os meios de comunicação de massas áudio-visuais tradicionais incluídos, mas em versão revista e aumentada, sendo os mais pró-activos de entre estes meios de comunicação.
Tudo mais são criaturas com aparência humana e a informação um conceito invisivelmente bem muralhado. As guerras são fruto da maldade das criaturas de aparência humana e as verdadeiras razões para as levar a cabo delírios de lunáticos guedelhudos e mal-cheirosos que deviam ou estar acorrentados ou a cavar batatas, a pobreza uma doença infeliz e a riqueza um acaso inexplicável. As crises são resultado de circunstâncias aparecidas de um ponto desconhecido da mundividência humana, uma metafísica tornada sopro de infortúnio, sem anjo, sem sémen e sem mesmo espírito santo.

Mesmo depois de conhecidos os nomes dos bois de grande porte, os quais não passam de actores e/ ou figurantes principescamente pagos e/ ou indemnizados, fica por responder a mesma pergunta de sempre: quem é que os criou?