domingo, 8 de novembro de 2009

CADERNO DE SUMÁRIOS POLÍTICOS DAS AULAS DA “DEMOCRACIA, AGORA!” Nº2

CADERNO DE SUMÁRIOS POLÍTICOS DAS AULAS DA “DEMOCRACIA, AGORA!” Nº2

Sumário nº 2 (até 30 de Outubro de 2009): O Estado dos estados continua incrível. No Kansas o programa de recrutamento do Pentágono já entrou no ensino secundário, uma experiência que servirá para ver da possibilidade de a coisa ser implementada a nível nacional. Já agora, os níveis de recrutamento do Pentágono são os mais altos dos últimos 35 anos – este ano atingiram todas as metas que se tinham proposto. O Pentágono afirma que é a recessão a responsável pelo facto. As falências das famílias e o número de casas postas à venda aumentaram de 5 a 6%. A Goldman-Sachs vai pagar este ano aos empregados da própria empresa uma média de 700.000 dólares por empregado em bónus. As maiores seguradoras e os maiores bancos dos Estados Unidos vão distribuir, um ano depois da crise, um recorde de 140 mil milhões em bónus. Menos de um ano depois dos contribuintes, contra sua vontade mas em seu nome, os terem salvo da falência. Foi noticiado que Obama enviará mais tropas para o Afeganistão – entre os 45 e os 60 mil. Ver o livro de William Black “The Best Way to Rob a Bank Is To Own One”.

Segundo o Wall Street Journal, as agências de espionagem norte-americanas estão a reconsiderarem reescrever um relatório de dados de espionagem de dados de espionagem de 2007 que dizia assertivamente que o Irão havia suspendido em 2003 os seus esforços para construir armas nucleares. O NIE – National Intelligent Estimate – reflectia o ponto de vista do colectivo de 16 instituições de espionagem dos EUA. O relatório apresentava o índice de ‘elevada confiança’ quanto ao facto supra. Agências inglesas, alemãs e francesas já disputaram aquela conclusão. O Wall Street Journal diz que a Casa Branca poderia utilizar um novo relatório no sentido de galvanizar um maior apoio mundial para sanções contra o Irão, que mantêm ser o seu programa nuclear apenas para fins civis. Dia 17 de Outubro foi o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza. Nos Estados Unidos, o nível de pobreza está nos 13,2% – o nível mais elevado em 11 anos – enquanto, a nível mundial, 2 biliões de vivem em estado de pobreza – com menos de dólares por dia – e um bilião em extrema pobreza – menos de um dólar por dia. Ver o livro de Irene Khan “The Unheard Truth: Poverty and Human Rights”.

O Departamento de Segurança da Terra-Mãe expande um controverso programa para dar mais poder às polícias locais para fazer valer as leis de imigração. Um trabalhador da cidade de Nova Iorque em Pittsburg por causa dos protestos do G-20 preso – durante 5 dias – e a sua casa revistada pela Joint Terrorism Task Force do FBI. Tudo por ter usado o Twitter para dar conta das diversas actividades da polícia à volta dos G-20. foi acusado, entre outras coisas de uso criminoso de um meio de comunicação e posse de instrumentos de crime. Não se pense que é o primeiro: muitos antes dele já o foram pelo mesmo crime… no Irão. Durante a próxima década, nos EUA prevê-se que a reforma do sistema nacional de cuidados de saúde custe 900 mil milhões durante a próxima década… pouco, quando comparado com um aumento anual, para o mesmo período, de 133,1 mil milhões das despesas militares. Traduzindo-a para outros números: 57 cêntimos de cada dólar dos contribuintes está a ser gasto em – armas, etc. – despesas militares. Claro que não sobra muto para investir em áreas construtivas.

Pelo John Pilger vamos sabendo outras coisas: por exemplo, que no Afeganistão, as populações são objecto e o objectivo de ataques dos mísseis Hellfire, tecnologicamente equipados com a capacidade de sugar o ar dos pulmões de uma pessoa – uma morte misericordiosa. Para além das 338 mil crianças afegãs que, segundo as Nações Unidas, estão a morrer por causa da guerra, outros motivos de satisfação são declarações de Hillary Clinton que, a dada altura das ‘conversações’ nucleares com o Irão, disse que estava preparada para obliterar este país. Mais… sim, a arma sónica usada em Pittsburg é designada por Long-Range Acoustic Device – um nome tão inocente – e faz parte das armas de controlo das multidões – terminologia ‘Newspeak’ – compradas a e fornecidas por empresas de armamento com a Raytheon – significa “A luz dos Deuses”. Esta é uma empresa que tem uma história de indistinguibilidade, entre ela e as agências de serviços secretos que serve. Já agora é de ver a www.corpwatch.org.

À parte as 500 mil infracções – quase todas sem punição – à Clean Water Act nos últimos cinco anos pelas indústrias químicas, carboníferas a agro-pecuárias. Noah Shachtman, repórter da Wired, revelou que o braço de investimento da CIA investiu numa empresa de software – especializada em vigilância sítios de média sociais – chamada Visible Technologies, à qual fornecerá a actividade de blogs, YouTube, Twitter, Flickr ou Amazon e, através de vários modos de filtragem vários – nomeadamente através de palavras-chave, procedem à espionagem – perdão, recolha de informação. Segundo documentário de Pascale Borgaux, o número de violações de mulheres militares no exército é superior, em média, ao rácio das violações em qualquer cidade norte-americana – nos suicídios a situação é a mesma coisa. Para mais informações, ver “Rape In Ranks: The Enemy Within”.

A 30 de Outubro, John Tasini, autor de “The Audacity Of Greed: Free Markets, Corporate Thieves and The Looting of America”, falou no Democracy Now! e explicou que o que os directores de empresas de seguros e bancos parece pouco quando comparado com o que recebem os dos directores das empresas que transaccionam hedge-funds. Gleen Greenwald diz que a Administração Obama está, sem sombra de dúvida, a levar mais longe as piores práticas de George W. Bush e Dick Cheney. Também fala de como, apesar de declarações públicas, o Senado e os congressistas – pressionados ou não – não são favoráveis a opção de saúde pública. Além de que até mesmo as publicações progressistas e os seus representantes têm reunido com o pessoal de RP da Casa Branca para ‘acertarem’ discursos. O secretismo de reuniões com executivos das indústrias farmacêuticas e de saúde. Termino a lição dizendo que o presidente Obama – tal como outros – não escreve cartas de condolência às famílias de soldados que tenham cometido suicídio – caso de Chancellor Keesling, que fez uma comissão no Iraque e não depois não queria fazer a segunda, mas foi mobilizado. O desespero fez o resto.

domingo, 1 de novembro de 2009

CADERNO DE SUMÁRIOS POLÍTICOS DAS AULAS DA “DEMOCRACIA, AGORA!” Nº1

CADERNO DE SUMÁRIOS POLÍTICOS DAS AULAS DA “DEMOCRACIA, AGORA!"

Não há nenhuma outra razão para editar isto a não ser como exercício de memória. Pode vir a ser útil, pois a praga alastra-se e estar imunizado é sempre boa ideia. O grau de eficácia dessa imunização é conta para fazer depois.

Sumário nº 1 (até 16 de Outubro de 2009): Em Pittsburg, apesar da conversa do G-20 em regular os sistemas financeiros, a extrema desregulação de Doha da WTO/ OMC – começada por Bush pai e fechada pela Administração Clinton por Geitner, agora com Obama – é a porta do fundo. Aberta – pela União Europeia de José Manuel Barroso. Contra aqueles que protestavam havia pelo menos 5000 polícias de intervenção – cerca de 10 polícias por manifestante – e o ‘canhão de som’, uma novidade recente no campo das armas de ataque usada anteriormente numa convenção do Partido Republicano em Nova Iorque – salvo erro – e, antes disso, usado pelo exército dos Estados Unidos durante a invasão do Iraque e do Afeganistão ordenada por George W. Bush. A arma, manufacturada pela American Technology Corporation de San Diego, socorre-se de certas frequências que podem causar o rebentamento dos tímpanos e a sangria do ouvido interior e pode resultar numa aneurisma ou na morte.

Na reforma da Saúde, o plano Baucus obrigava todos a terem um seguro de saúde. Caso não o tivessem, seriam multados. Um estudo tinha revelado que todos os anos morriam 45.000 norte-americanos por falta de seguro de saúde. Nas Honduras, o presidente leito deposto por um golpe de estado, continuava preso na embaixada do Brasil. O representante dos EUA na reunião de emergência da Organização de Estados Americanos, Lewis Anselem, disse que o regresso do deposto fora uma tolice – de notar que o autor da afirmação já trabalhou na SouthCom, o ramo do Pentágono para a América do Sul. Os perpetradores do golpe de estado foram treinados na “School of The Américas”, instituição – também conhecida por ‘Escola dos Assassinos’ – de onde saíram todos, ou quase, aqueles que perpetraram golpes de Estado na América Latina.

Um antigo inspector de armas da ONU nos anos 90 de nome Scott Ritter alertou para o facto de que se estava a criar um ‘caso político’ acerca da propalada nuclearização iraniana. O Irão é signatário – Israel recusa-se a sê-lo, apesar do seu arsenal – do Acordo de Não-Profileração de Armas Nucleares. De acordo com o estipulado, o Irão tem de declarar, dentro dos prazos estipulados, a existência de novas instalações ou fabrico de material nuclear, assim como sujeitar-se às inspecções feitas pela AIEA. Nunca incorreram em incumprimento. O ex-inspector disse que a afirmação de Barack Obama quanto ao incumprimento do Irão estava técnica e legalmente errada. A nova central, declarada pelo Irão à AIEA, não estaria em funcionamento senão daí a um ano – o Irão só teria de o fazer 6 meses antes da entrada em funcionamento. A propósito de um caso recente, o Supremo Tribunal dos EUA preparava-se para decidir da constitucionalidade de uma lei anti-terrorista do PATRIOT Act, a qual tornava crime dar qualquer forma de ajuda – assistência humanitária incluída – a grupos de terroristas estrangeiros na lista do Departamento de Estado.

A actual administração norte-americana, na linha da anterior, ia expandir a produção de armas nucleares assim como aumentar tamanho e capacidade de duas centrais nucleares, uma no Novo México e outra no Tenessee. O imigrante afegão Najibullah Zazi acusado de querer perpetrar um ataque à bomba em sol americano, afinal não representava, segundo o director do FBI Robert Mueller, uma ameaça iminente, embora ele quisesse ver aprovada a renovação de três provisões do PATRIOT Act que permitiam, sem grande restrição, a recolha de informações pessoais e financeiras e de instalação de escutas. Dave Zirin falou das consequências negativas dos Jogos Olímpicos. Baucus, director da Comissão Financeira do Senado, recebeu contribuições de representantes de 37 lobbies de empresas privadas.

Ken Lewis, CEO do Bank of América, preparava-se para receber um pacote de reforma de 125 milhões de dólares. Os senadores democratas Patrick Leahy, chefe do Comité Judiciário do Senado, e Dianne Feinstein, tinham introduzido uma alteração de última hora aquando da revisão do PATRIOT Act, especialmente à secção 215, que passava a permitir a emissão de convocações para tribunais secretos sempre que a informação procurada disse respeito a qualquer tipo de investigação autorizada. Depois de Hillary Clinton ter encorajado o presidente Mahmoud Abbas a não dar o seu apoio ao Relatório Goldstone – um que, criticando alguma acção palestiniana, criticava especialmente a acção brutal dos militares israelitas durante o assalto a Gaza – a Autoridade Palestiniana deixou cair a exigência quanto à apresentação do relatório no Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas para votação, a qual o teria levado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que poderia ter como consequência a comparência de Israel no Tribunal Penal Internacional. O Haaretz noticiou que o Vice – Primeiro-Ministro israelita Moshe Ya’alon, anteriormente alto dirigente das Forças de Defesa de Israel, havia recentemente cancelado uma viagem a Inglaterra com medo de ser preso em solo britânico: ele e outros estavam a ser acusados de terem sido responsáveis pelo assassinato, em 2002, de Salah Shehadeh, alto comandante do Hamas.

O Financial Times escrevia que a Goldman Sachs poderia receber 1000 milhões de dólares, caso a CIT – empresa de empréstimos comerciais – declarasse falência, ao abrigo do Capítulo 11 da protecção de falência. Os contribuintes americanos perderiam 2300 milhões de dólares devido à estruturação do pacote de empréstimo financeiro daquela a esta em Julho de 2008, cerca de 5 meses antes do Tesouro ter comprado 2300 milhões de dólares em acções preferenciais da CIT, como forma de a tentar revitalizar no auge da crise. O inspector-geral Neil Barofsky, supervisor do bailout do governo ao sistema bancário, criticava o anterior Secretário do Tesouro Henry Paulson e outros altos dirigentes de quer haviam publicamente criado, durante o ano anterior, a impressão deliberada de que os bancos que estavam a receber grandes infusões de dinheiro eram mais saudáveis do que na realidade eram – em privado, certos altos dirigentes estavam preocupados com a saúde de diversos bancos.